O Departamento de Genética da Universidade Federal do Paraná lança nesta quinta-feira (8/10), às 10 horas, a pedra fundamental de um novo edifício, a ser construído no Campus do Centro Politécnico.
Com projeto elaborado pelo arquiteto José Sanchotene, a partir de critérios técnicos estabelecidos pela UFPR, o novo prédio deverá ser o primeiro edifício do poder público no Paraná e o terceiro no Brasil a contar com o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design, na sigla em inglês), concedido pelo Green Building Council para certificar edificações sustentáveis.
Uma ampliação das instalações do Setor de Ciências Biológicas, o prédio abrigará o Memorial Newton Freire-Maia e o novo Ligh, rebatizado como Laboratórios Integrados de Genética Humana.
A nova estrutura do Ligh permitirá a união de dois laboratórios que já integram o departamento de Genética da UFPR, o Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade e o Laboratório de Citogenética Humana e Oncogenética, o que aumentará a interação entre pesquisa e atuação prática na formação dos alunos e ampliará a atuação dos laboratórios no suporte ao serviço de transplante de medula óssea do Hospital Erasto Gaertner.
"A integração nos trará também condições de formalizar e ampliar diversos programas de apoio ao doador, como o Centro de Referência e Atendimento ao Doador Voluntário de Medula Óssea e os Consultórios de Aconselhamento", afirma a professora Maria da Graça Bicalho, coordenadora do Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade.
Já o Memorial Newton Freire-Maia, que homenageia um cientista pioneiro no estudo da genética humana no Brasil e criador do Departamento de Genética da UFPR, será um novo fórum para discussão de questões científicas e culturais na universidade.
Além de abrigar o acervo do professor Freire-Maia, que inclui trabalhos publicados e objetos pessoais do cientista, o memorial contará também com salas para a realização de workshops e treinamentos.
Um anfiteatro com capacidade interna para 200 pessoas, que pode ser aberto para uma platéia extra integrada ao bosque existente junto à área do prédio, complementa a estrutura. "Além de eventos científicos, esse anfiteatro poderá ser usado também para apresentações musicais ou teatrais", salienta a professora Maria da Graça.
Sustentabilidade gera economia de recursos naturais e financeiros
Para garantir um planejamento, uma execução e uma gestão sustentáveis, o projeto do “prédio verde” contou com coordenação da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), e incorporou aspectos que diferenciarão as instalações do novo Ligh e do Memorial Newton Freire-Maia em relação à redução do impacto e à integração da edificação ao seu entorno, à otimização no uso dos recursos naturais, à gestão de resíduos e ao uso de materiais e insumos renováveis e reciclados.
Mais do que a busca pela inovação, a construção de obras sustentáveis refletem também uma preocupação com a economia de recursos, tanto naturais quanto financeiros. Muitos dos aspectos que tornam a gestão de um edifício sustentável estão baseadas na ecoeficiência, e contribuem também para reduzir custos administrativos. No caso do novo prédio da UFPR, o uso da iluminação por leds, diodos emissores de luz, é um dos muitos exemplos que espelham esse ganho.
A opção por essa tecnologia garantirá ao edifício um consumo de energia de 2W por metro quadrado, valor bem inferior à média normalmente registrada em escritórios, que varia entre 15 e 20 W/m2, e também ao padrão exigido pela certificação LEED, de 12W/m2.
Alguns aspectos que garantem a sustentabilidade ao projeto do prédio do Ligh e do Memorial Freire-Maia:
• O aproveitamento da energia solar para aquecimento de água e para a produção de água destilada.
• O aproveitamento das águas pluviais por meio de reservatório de captação.
• A utilização de madeiras de reflorestamento, materiais e insumos renováveis e reciclados.
• A instalação de telhado verde modular sobre a cobertura, aumentando o isolamento térmico e colaborando para a redução no consumo de energia.
• O uso de sistemas de automação nos projetos de iluminação, climatização, segurança e comunicação, permitindo uma gestão integrada e inteligente dos sistemas para reduzir o consumo de energia elétrica.
• A coleta e separação de resíduos gerados na operação de todo o edifício, especialmente nos laboratórios.
• A preservação e valorização da paisagem, possibilitando o mínimo impacto ambiental sobre o entorno.
• A orientação, com a implantação dos laboratórios de forma a otimizar o conforto térmico e a iluminação natural.
• A disposição dos laboratórios em um único pavimento, sobre pilotis, que colaborará para: a) um maior isolamento térmico do edifício; b) o uso de iluminação e ventilação naturais, gerando economia de energia elétrica e reduzindo riscos de contaminação; c) a preservação e cobertura das áreas de estacionamento; d) a possibilidade de intervir nas instalações dos laboratórios sem interrupção da rotina laboratorial ou riscos de contaminação.
• A criação de um grupo interno de implantação e monitoramento de práticas sustentáveis.
A certificação LEED
Desenvolvida nos Estados Unidos, pelo U.S. Green Building Council, a certificação LEED é reconhecida internacionalmente como um programa para avaliar o projeto, a construção e a gestão de edifícios sustentáveis. O selo leva em conta a performance das obras principalmente no que diz respeito à eficiência no uso da água, à economia de energia, à redução das emissões de CO2, ao ganho de qualidade interna dos ambientes e ao manejo dos impactos e dos recursos naturais.
Criado em 1998, o selo LEED já certificou mais de 550 milhões de metros quadrados construídos em todo o mundo, e quase 4,5 milhões de m2 no Brasil, segundo dados do Green Building Council Brasil. No Brasil, a maior parte dos empreendimentos certificados (78,5%), são estabelecimentos comerciais. As instituições de ensino são as construções menos representadas na obtenção do selo, com apenas 1,1% do total de certificações emitidas no País.